domingo, 16 de outubro de 2011

Brilharetes, de Antonio Tarantino

Depois dos Ensaios Abertos em Faro, Loulé, Setúbal, Montemor-o-Novo, Tavira, Sintra e Alcobaça, e dos espectáculos no Cartaxo e no Festival de Almada, CHEGAMOS AGORA A LISBOA.

BRILHARETES (Lustrini), de Antonio Tarantino
Tradução - Tereza Bento
Um espectáculo de João de Brito e Tiago Nogueira com a colaboração de Jorge Silva Melo

Interpretação - João de Brito e Tiago Nogueira
Cenário e Figurinos - Rita Lopes Alves
Luz - Pedro Domingos
Assistência - Joana Barros
Apoio à produção - João Meireles
Fotografia - Ricardo Quaresma
Co-produção Artistas Unidos/ LAMA/ Molloy Associação Cultural

Nos Primeiros Sintomas:
RIBEIRA - Rua da Ribeira Nova, n.º 44, em frente às traseiras do Mercado da Ribeira (Cais Sodré - Lisboa)
De Domingo 23 a 2ª Feira 31 OUTUBRO, às 23h00

O texto está editado nos Livrinhos de Teatro (nº22)

Mas sabes tudo o quê? as palavras quem tem sou eu, o que é que tu pensas, que a mim me faltam as palavras? eu a esse gajo vou-lhe dar a volta com palavras, vou gozá-lo que é um mimo, vai ser uma brincadeira: vou envolvê-lo de conversas vais ver: que eu não estou acabado, tu é que não tens um pingo de confiança em mim e achas que já estou como hei-de ir.
Antonio Tarantino, Brilharetes

Antonio Tarantino sobre BrilharetesUma noite fui comprar cigarros à estação dos comboios, era bastante tarde e vi um homem a olhar fixamente para mim. Lembrava-me daquele homem, lembrava-me de o ter conhecido trinta anos antes. Ele olhava para mim com olhos de pessoa que dorme ao relento, que precisa de ajuda, e naquele momento fez-me um gesto. Queria um cigarro. Eu dei-lho e olhei para ele e perguntei: "És o Brilharetes, não és?". E ele assentiu. Dei-lhe o cigarro, levei-o para um café e dei-lhe algum dinheiro.

Lembrei-me da história daquele homem a quem, naquela altura, todos chamavam "o poeta". Era uma pessoa culta, uma pessoa culta que de repente... Lembro-me que, nos anos 50, me recomendou a leitura de Vadios, de Pasolini. Dirigia a biblioteca do círculo comunista Garibaldi de Turim. Depois, de repente, desapareceu de circulação. Era um homem que aparentemente podia ter sido alguém na vida.

Em suma, lembrei-me de todo um mundo que já não existe. Assim, juntando pedaços de várias vidas, cada uma diferente, consegui escrever Brilharetes.

Aprendi que os estímulos para escrever podem surgir de uma circunstância qualquer, mesmo de uma frase, de uma palavra, mas só se essa frase ou palavra se puderem ligar a outras coisas que aconteceram antes. Não é que essa palavra determine toda a peça, mas se há precedentes, se há um passado, essa palavra pode ser o pretexto que faz todo o teu dicionário vir ao de cima, todas as tuas experiências, todas as tuas coisas, as coisas que guardas em ti mesmo.

Outra coisa importante, mais importante do que o incipit, é a iminência. Tem de haver uma iminência qualquer para fazer o teatro, qualquer coisa que tem de acontecer e tem de acontecer necessariamente.

Mais informações:

www.artistasunidos.pt

Lotação : 30 lugares
Reservas: 961960281 / 915341974

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